Sobre preocupações…
“Há dias de viver e dias de trabalhar. Eu vivo para trabalhar e meu trabalho é viver.” Bruno Pessoa (poeta recifense).
Já faz algum tempo que estou na informalidade (perdi até a noção do quanto). Para quem faz curso superior, estágios remunerados são uma boa forma de conciliar estudos e renda, mas na ausência de um(a), talvez eu troque o curso (ou tranque mais uma vez) por um trabalho qualquer, pois as contas não esperam.
Outro dia, vi um psicólogo comentando que a maioria dos seus pacientes são pessoas que até têm bons empregos, mas não têm tempo de qualidade para si próprias, a família… no final, ele credita a culpa na conta do capitalismo (concordo com ele).
Nesse período de incertezas, é um pouco difícil se concentrar nas atividades diárias, mesmo as mais simples, por isso fiz um esforço para atualizar alguns projetinhos inacabados, mesmo sob o peso dessas preocupações.
Ainda não tenho emprego (já tive ou terei um, algum dia?), mas participar como professor voluntário (francês e Língua Brasileira de Sinais, Libras) na Universidade Aberta à Terceira Idade - UNATI (projeto de extensão da UFPE) me ajuda a manter a cabeça no lugar. Dar aulas ainda é minha atividade favorita e espero que isso não mude.
Neste vídeo instituicional do projeto (disponível no Odysse), você pode me ver com “olhar de teoria da conspiração” a partir do minuto 2:04 (eu não estava medicado). Secretamente, ainda alimento a esperança é ter a mesma disposição dos meus estudante da terceira idade (e oportunidade de chegar lá com saúde física e mental).
Inicio de grande parênteses: por mais que eu tenha explicado ao pessoal da comunicação, no vídeo, a narradora usa de forma equivocada a expressão “linguagem de sinais”, no lugar de “línguas de sinais”. Ainda tenho a pretensão de publicar um artigo discutindo as semelhanças entre o latim e a Libras, explicando porque a segunda também é uma língua natural. Final de grande parênteses.
Esse “arrudeio todo” é apenas para dizer que, às vezes, a gente precisa dar pausas que não são pausas. Descansar com pedras nos ombros, como no velho ditado. E esperar, em algum abrigo (um dos meus abrigos é a escrita), a tormenta dá uma trégua, mas fazendo o que dá para fazer, na esperança de um tempo melhor.
Enquanto espero as coisas que não dependem de mim, compartilho abaixo alguns dos projetinhos inacabados (não mais totalmente) que mencionei antes:
Gerenciador de tarefas: uma ferramenta simples para ajudar na priorização de tarefas, baseada na Matriz de Eisenhower.
Sinalário geral de Libras: um sinalário (dicionário de sinais em Libras) organizado a partir de sites diversos (uma bricolagem), para minhas estudantes de Libras.
Estruturas de frases em francês: uma paginazinha para ajudar meus estudantes de francês a sistematizarem algumas regras da língua francesa.
Caderninhos artesanais: uma página para divulgar caderninhos artesanais que antes fazia apenas para mim, mas agora faço para vender (sou um encadernador razoável e um péssimo vendedor).
Curso de musicalização com flauta doce para iniciantes: uma página para divulgar o curso de um amigo que está na mesma situação (em busca de uma vaga).
Ufa, quase um portfólio! Ainda há outros projetos inacabados, um deles é pretensioso, um clone de avinha (Ambiente Virtual de Aprendizagem, AVA, mas feito apenas em HTML, CSS e JavaScript) com alguns minicursos a partir de aulas que já compartilhei por aí.
O esqueleto já está pronto, mas ainda não tive coragem de compartilhar porque tenho dificuldades em gravar vídeos (na verdade, vergonha mesmo).
Parece muita coisa (e talvez seja), mas para quem curte tecnologia, “escrever sites” é como escrever estórias (com menos emoção, claro). Lembrando que todos esses projetos não foram feitos de um dia para o outro. Minha organização é baseado na mais pura manifestação da entropia (ou seja, caos)!
Como já mencionei antes, (no quarto parágrafo deste texto), o importante mesmo é começar, mesmo que a gente não comece do jeito que gostaria. Os ajustes podem ser feitos depois, aos pouquinhos, e com o tempo, a gente percebe que fez muito! E ver as coisas boas que a gente já fez, sempre faz bem.
Como diz o Mario Sergio Cortella, nesse vídeo do YouTube, Faça o Teu Melhor:
Você tem que fazer o seu melhor, nas condições que você tem, enquanto você não tem condições melhores para fazer melhor ainda.
Daí a importancia de também registrar, por quaisquer meios, seja escrito no papel, seja escrito num site (como este). Para os dias em que a gente se sente imprestável, inútil. Às vezes a gente tem pessoas legais ao nosso redor que apontam as coisas boas que já fizemos, às vezes não. Nesse caso, sejamos nós mesmos as pessoas legais, deixemos de lado aquele juiz severo de nós mesmo, porque o mundo já está cheio de quem aponte nossos defeitos.
Por fim, agradeço a todas as pessoas amigas que me ajudam nesses tempos difíceis, não preciso citar nomes, porque elas sabem quem são, a vocês, meu sincero obrigado!
PS. Será que eu escreveria (faria) mais e melhor se não fossem as preocupações…