Jackson de Jesus

... leio e escrevo {códigos}, poesia, (receitas) e prosa...

Alternar entre modo claro ou escuro


Fichamento: o que é e como se faz…

Para meu amigo Gil (em memória).

Segundo a maioria dos dicionários da língua portuguesa, fichamento é simplesmente o ato ou efeito de fichar, ou seja, anotar, registrar e/ou reescrever informações selecionadas, as consideradas mais importantes, em fichas, para catalogação, classificação ou organização desses trechos selecionados para usos posteriores.

“Criado no século XVII pelo Abade Rozier, da Academia Francesa de Ciências, o sistema de fichas é atualmente utilizado nas mais diversas instituições, para serviços administrativos, e nas bibliotecas, onde, para consulta do público, existem fichas de autores, de títulos, de séries e de assuntos, todas em ordem alfabética.” Trecho extraído da quinta edição do livro Fundamentos da metodologia científica, de Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos; na página 50.

Nos dias em que vivemos, era da (des)informação, o fichamento (a adaptação aqui apresentada) é uma excelente ferramenta de estudo, tanto porque proporciona ao estudante a leitura do texto quanto também, a sua reflexão sobre a seleção das ideias contidas nele; além de sua posterior escrita no papel, isto é, no registro organizado da informação.

Então, para fichar é preciso primeiramente selecionar a unidade textual (um trecho, um capítulo, um livro) ler essa unidade selecionada (que pode ser verbal ou não verbal), durante esta leitura já é possível fazer a seleção das ideias consideradas importantes (mas esta seleção também pode ser feita numa segunda leitura) e fazer finalmente a transcrição para as fichas, ou seja, a (re)escrita das partes selecionadas no texto; na nossa adaptação podemos usar um caderno comum e/ou um arquivo de texto e suprimimos o texto omitido com o sinal de reticências entre parênteses (…), como veremos nos exemplos adiante.

Aviso importante: fichamento não é resumo! A ideia é usá-lo com base para resumos, resenhas, artigos, etc., e não mais voltar ao texto original.

Mas o que selecionar? Como selecionar?

Geralmente, como o fichamento tem por objetivo organizar informações consideradas relevantes ou importantes de um determinado texto, a seleção das ideias deve ser feita de modo que assinale o que há de principal no texto. E para saber ou descobrir o que há de mais importante no texto (parágrafo), uma sugestão é fazer as seguintes perguntas: o que o autor quer dizer, porque ele quer dizer, o que diz, como ele diz, quando, onde, etc. Quanto mais próximo um fichamento estiver das respostas para essas questões, mais significativo ele será.

Esquema do fichamento (sugestão de adaptação)

Leitura (o texto pode ser verbal ou não verbal, imagem, filme…); Seleção (principais ideias a partir das questões possíveis…); (re)Escrita (registro organizado das ideias para posterior consulta). Existem tipos de fichamento? Quais são? Existem várias maneiras de fichar, vários tipos de fichamento, dentre eles o fichamento bibliográfico, o fichamento de conteúdo e o fichamento de citação. Cada um com um objetivo específico a partir do texto e baseado num modelo, mas nada impede que se usem os vários tipos num mesmo fichamento. E cada pessoa vai fazer um fichamento conforme o seu jeito, a partir das suas leituras, com as suas próprias perguntas. Portanto, apesar de ser um método apoiado em modelos, o fichamento é uma ferramenta de estudos individuais.

Descrição dos tipos de fichamento?

O fichamento bibliográfico consiste na descrição resumida dos tópicos abordados numa obra inteira ou parte dela. O fichamento de conteúdo é aquele que descreve, também resumidamente, o conteúdo, ou seja, é uma síntese das principais ideias presentes na obra ou em parte dela; geralmente feito com as próprias palavras do estudante que ficha (faz o fichamento), segundo a sua interpretação pessoal da obra, ou parte dela. E por fim, o fichamento por citação, também conhecido por transcrição textual, é o fichamento no qual o estudante reproduz fielmente as frases do autor, isto é, cópia do jeito que está escrito no livro; com a indicação de página de onde foi retirada a parte transcrita ou copiada.

Isso é o fichamento, e falando nisso… percebeu que fizemos um exemplo de fichamento logo no/do primeiro parágrafo? Para você não voltar lá, vou transcrever aqui a frase apenas com as palavras selecionadas: “(…) fichamento é (…) o ato (…) de (…) reescrever informações selecionadas, (…), em fichas, para (…) organização (…) para usos posteriores.”

Reparou que a frase ainda faz sentido após o processo do fichamento? Essa é a ideia! E uma dica para facilitar a digitação do símbolo de supressão de texto, expresso pelas reticências entre parênteses (…), podemos usar a função autotexto presente na maioria dos editores de textos; aqui usei o LibreOffice Writer e minha referência nesse tópico é o canal da Vivian Facundes. Como últimos exemplos, abaixo temos uma animação (imagem gif) do processo de fichamento de um parágrafo e o link com o fichamento de um texto completo sobre análise de discurso; ambos textos acadêmicos.

Exemplo de fichamento

Mesmo exemplo anterior um pouco maior, abre em outra aba

Fichamento do texto Análise de discurso de Orlandi

Agora que você teve contato com o conceito de fichamento e o seu algoritmo, ou seja, a receita para se fazer um, só precisa praticar. Você pode começar com este texto, que foi escrito de forma verbosa justamente para servir de modelo para o exercício do fichamento. Bons estudos!

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