Sobre a escrita…
“Não há nada na escrita. Tudo que você precisa fazer é sentar-se diante da máquina de escrever e sangrar.” Ernest Hemingway.
Oi, passando para avisar que meu último livro, “Contos revistos, retalhos de escrita”, está gratuito esta semana lá na Amazon. É um livro novo com textos velhos, por isso o nome, já que se trata de uma pequena coleção de contos, a maioria curtos, que já foram publicados antes lá no Recanto das letras, meu site de escrita favorito. Apenas o primeiro conto já tinha sido selecionado num concurso literário anterior, lá em 2010, e publicado fisicamente (link no final). Em breve também, publicarei as versões em inglês, espanhol e francês dele.
Falando em revisão, eu estava um pouco inseguro em relação a isso e como eu não tive condições de pagar uma pessoa revisora, pedi ajuda para algumas pessoas amigas, mas nenhuma delas puderam na época. De qualquer forma, agradeço a todos que tentaram e principalmente a Maria Luiza, uma estudante amiga que topou imaginar, e imaginou, dois dos personagens desse primeiro conto. Valeu Lu!
Meu objetivo nesse texto (que seria um vídeo, mas fracassei miseravelmente) é conversar um pouco como alguém que escreve, porque a gente faz tantas coisas e temos tem tantas versões de nós mesmos que, raramente, as pessoas sabem dessas nossas versões, não é? Então, minha principal atividade é dar aulas, mas também escrevo muito e acredito que a escrita veio por tabela da leitura, outra coisa que gosto muito.
Acredito que a escrita veio por tabela da leitura, outra coisa que faço bastante. Suspeito que a vontade de escrever seja consequência natural de quem gosta de ler muito. E dizem que ambas são atividades terapêuticas, mas eu sei, não é terapia e acredito que cada um tem seus motivos subjetivos para justificar as coisas que gostam.
Dizem também que a escrita é uma atividade solitária, mas não concordo muito com isso porque, pessoalmente, quando escrevo, eu penso muito nas pessoas que amo e fazem parte de minha vida. É como se elas estivessem aqui ao meu lado, de algum modo, fazendo companhia. Tanto que dediquei essa primeira publicação às duas pessoas que amo muito, que é o Matheus e a Ísis, vulgo Teu e Gi, filhotes de coração sempre.
Outro motivo que me compele muito a escrever, é que a escrita nos permite pensar em outras possibilidades de mundo, né? Tem um conto nesse livro sobre uma notícia muito triste que a gente viu um ano desses, uma dessas que quebram nosso espírito, sabe. Então, reescrevi do jeito que acho que deveria ter acontecido. Eu sei que não muda nada do que aconteceu, mas ainda assim, é um pouco esperançoso imaginar que poderia ter acontecido de outra forma. Por isso, acredito que essa seja uma das melhores funções da arte, da literatura enquanto essa grande conversa de corações.
Esse mês, também, estou participando do NaNoWriMo, um concurso de escrita que acontece todo mês de novembro, de uma obra com no mínimo 50 mil palavras. Não sei se vocês já ouviram falar e também nem sei se vou conseguir chegar nessa meta, mas como gosto de trabalhar com prazos, então, estou muito empolgado e é possível que no final deste mês eu tenha algo novo para publicação, ainda que não tenha 50 mil palavras.
Lembrando, não tenho pretensão de ser um escritor reconhecido, ganhar muito dinheiro (Deus me livre, quem me dera), mesmo porque no Brasil isso é difícil, né? Eu sei que viver de escrita, mesmo, é para poucos. Pessoalmente, eu já fico feliz apenas de ser lido, e acho que a gente que escreve só quer isso mesmo, ser lido. É muito legal quando alguém vem comentar sobre como nosso texto tocou a pessoa e tal. Por isso estou aqui divulgando o livro, mais uma vez. A gente sabe que o mercado editorial é muito custoso, os livros são caros para o leitor final, o que acaba tornando a leitura e a literatura um privilégio de poucos.
Quando falo literatura, falo no sentido amplo, mais uma vez, enquanto essa grande conversa humana, porque todo mundo gosta de ouvir e contar estórias, a velha fofoca, ainda que a maioria não faça isso pela escrita, que hoje é algo valorizado em detrimento da oralidade, por exemplo. O que é um grande equívoco, na minha opinião, porque além das tradições orais, também temos a literatura surda, que só recentemente vem ganhando visibilidade. Então, estou me referindo a literatura no sentido de cultura geral, algo acessível e construído por e para todos.
Por isso acredito que a literatura, nesse sentido amplo, deveria ser um direito humano universal. Porque, como dizia Antonio Candido, assim como o sonho biológico é necessário para organizar nossas memórias, esse sonho imaginativo da literatura nos permite viver experiências outras, outras vidas. A desenvolver a empatia, essa habilidade atualmente negligenciada que, na verdade, não é se colocar no lugar do outro, mas acolher o que a outra pessoa te diz sobre a perspectiva dela. Relembrando Ferreira Gullar, “A arte existe porque a vida não basta”.
Por isso me publiquei pela Amazon, porque lá a gente não tem todos esses custos de publicação, é um espaço de grande visibilidade, e por isso coloquei o preço do livro bem baratinho mesmo; a gente sabe que existe uma diferença entre preço e valor. Além disso, se você não puder ou não quiser comprar lá (nem todo mundo curte a Amazon), eu disponibilizei uma versão levemente modificada aqui no sitezinho neste link.
Por fim, falando de minhas leituras, queria recomendar mais uma vez o livro “Café e romance”, da Denise Gals, que conta a estória de uma mulher em busca de seu antigo sonho de escrever romances e abrir uma livraria café. Gosto tanto desse livro que estou lendo com pena de acabar, sabe aquele doce que a gente gosta muito e fica fazendo “mizerinha” para comer? Então, é mesmo sentimento. Eu até já escrevi um pouco sobre ele, até onde li, claro, e o texto também está aqui no sitezinho neste link.
Vocês sabem, sou um leitor desarmado, né, quando pego um livro, eu só quero curtir a história, independente de tudo. Só depois, se eu gostar muito, é que releio com um olhar mais atento, olhar de escritor mesmo; para tentar entender como me deixei seduzir pela escrita da pessoa autora, para depois tentar, talvez né, também replicar a mesma sedução nos meus próprios textos. Então, “Café e romance”, para mim, é um desses livros que a gente ler como quem bebe água, “facinho”, por isso recomendo fortemente, mais uma vez. Ah, para saber mais sobre outras publicações minhas e de pessoas amigas, estou na página dos valekers neste link, porque sou um valeker e um valeker é aquela pessoa tocada pela escrita da Aline Valek, que também recomendo! Excelente leitura!